segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Memória

Hoje esse tempo me remeteu a um passado não muito distante. Um passado de alguns poucos dez ou oito anos atrás. Lembrei disso por volta das 13:00h, no momento em que o céu começara a despencar água que não era pouca. Toda vez que isso acontecia, eu ficava numa alegria sem explicação. Corria pra fora de casa, entrava na chuva com o rosto para o alto e a boca escancarada imaginando consumir todas gotículas possíveis.

Ficava rodando, rodando durante algum tempo até que minha mãe me chamasse a atenção furiosa gritando "olha a pneumonia meu filho num caça doença pra sua mãe não". Na verdade aquelas palavras entravam em um ouvido e saíam pelo outor sem que eu me preocupasse. Logo após esse "ritual" ela dizia mais uma vez : "se você adoecer eu num vou fica acordada de noite não hein!" E logo depois entrava para o banheiro, tomava um banho bem quente e ia me deitar debaixo das cobertas com um copo duplo de café com leite e pão com queijo quente e bastante manteiga, era ótima essa vidinha simples, feliz e inocente.

Essas lembranças me vieram a mente como um raio na cabeça assim que me debrucei sobre a janela afim de ver a chuva. Parecia que eu me via na minha rua, parecia um filme, um filme sobre minha infância onde o principal e único telespectador era um homem de 24 anos numa janela de grades cinzas, descascadas com o tempo.

Um tempo bom que não volta nunca mais. Hoje tentei fazer isso novamente, ou seja, voltar ao tempo, café com leite, cobertores, banho quente televisão etc...mas o tempo já não é mais o mesmo e tudo que resta são boas lembranças de um passado cheio de alegrias. Aliás, hoje eu tenho que voltar no tempo, porém bem mais distante. Entrarei de cabeça em 1789.

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