sábado, 5 de janeiro de 2008

Gavetas como terapia







Nos momentos mais difíceis, como os mais variados ataques virulentos de fúria, me ponho a fazer algo que cesse este efeito. Começo a procurar e rapidamente acabo encontrando algo a fazer.

Certo dia, ao escutar pelos cantos das paredes o meu nome de uma forma injusta, fui contaminado por destes ataques. A indignação era tanta que na minha cabeça rondavam coisas sombrias, ou seja, respostas que eu deveria gritar aos quatro cantos ofendendo assim qualquer pessoa que se dispusesse a escutar.

Para conter todo meu ódio que invadia meu corpo, comecei a vasculhar todo o meu quarto sem saber o que procurar, ou qual o motivo daquela “busca”. Parecia mais uma separação do que deveria ser jogado fora, o que presta e o que não presta o joio do trigo. Comecei fazendo isto numa rapidez incansável até chegar as criados mudos. Naquele momento, ao remexer em suas seis pequenas e fundas gavetas entrei em estado de inércia. Foi como cada gaveta tivesse se transformado em paginas de um sujo e velho diário. Novamente pequenos filmes chegavam a minha mente como sempre acontece, porém, num método leve e bem agradável.

Fotos antigas, cartas de pessoas já tão distantes, pedaços de cigarros, frases avulsas de várias obras literárias, ingressos de shows, textos de faculdade, foram algumas das tantas páginas encontradas sobre minha vida.

Após esta “vasculhada” a ira passou me deixando um pouco melhor. Meu único medo, aliás minha única incerteza seria o fato de outras tantas milhares de pessoas que em estado de fúria não tenham algo em que se apoiar agindo com extrema explosão tornando – se insensato com suas próprias palavras.

Na verdade, gavetas, a meu ver servem para que nos lembremos de tudo o que deixamos para trás ou de que uma vez tentamos esquecer, porém, quando menos esperamos, elas sempre estarão lá se abrindo para que você nunca se esqueça de seu passado onde o mesmo são como gotas de mercúrio: se segurá – las de forma brusca escorrerão sobre suas mãos esvaindo – se pelo chão. Se fizer o contrário, segurando – as com enorme delicadeza, sempre terá do que se lembrar.

2 comentários:

Fernanda Mafia Guimarães disse...

o blog tá lindo abiiigo (x
os textos tão legais!

beeijo

Gislaine disse...

adoro ler os seus textos...eu viajo...longe.