quinta-feira, 21 de julho de 2011


É mais uma noite fria de Julho. Começo a recompor minhas leituras e como por um estalo meio que involuntário, simplesmente parei o que estava fazendo e fui de imediato ligando a célebre caixa preta e assistindo a uma telenovela do SBT que, pasmem, não era de origem mexicana. Nela é retratado um período de dor e sofrimento do meu país: a ditadura militar. Comecei a observar uma cena em que um homem contrário a tal governo de extrema direita tenta fugir dos seus perseguidores e, ao mesmo tempo, na surdina, na calada de uma negra noite, tenta enfrentá-los pois sabe que suas forças são, de certo modo, escassas perante seu algoz. O tempo passa e vejo que ainda somos perseguidos por inúmeras vezes por não aceitarmos seguir o caminho do lado direito da calçada. Sempre fui pelo lado contrário e acho, para ser mais exato, mijar fora da bacia um máximo. Nos últimos tempos sinto que venho sofrendo com isso. Nunca pensei em fazer escolhas por agradar a minha própria pessoa mas os outros, ou melhor dizendo um outro ente muito querido prefere não olhar a questão, não escutar, não observar e simplesmente proferir NÃO, NÃO, NÃO E NÃO! Sinto-me sem o apoio de quem eu mais precisava pois a conversa é extinta de forma proposital dando lugar a gritos, xingos atormentando meus sonhos, minhas expectativas de um futuro próspero. Sei que tudo isso dói feito um torturado no pau de arara, na cadeira do dragão ou algo mais perverso. Mas sei também que crueldade maior será a de ajoelhar-me em chão coberto por lama e água suja permitindo que os pesados coturnos me pisoteiem acabando com toda minha esperança, todos meus sonhos de ver campos repletos de flores cheirando a jasmim. Não marcho em um único rumo pois não soldado e sei olhar para os lados. Não marcho em um único rumo pois minha cabeça não é de papel.

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