terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Procura -se: uma certa estabilidade

Sinto uma coisa que não gostaria de admitir e ainda estou um tanto quanto desconfiado. É algo meio astrólogo que toma conta da minha pessoa. Ao longo de mais ou menos quatro ou cinco anos me habituei sistematicamente ao uso de agendas. Sejam elas eletrônicas (usada por mim durante um ano apenas)ou daquelas convencionais que encontramos em qualquer papelaria sejam elas de origem permanente ou datada com o respectivo ano que transcorrerá.Por incrível que pareça, nestas minhas férias, ao arrumar minhas gavetas entupidas de papéis, que aliás, indico, é uma ótima terapia para acalmar os nervos, encontrei não somente uma, mas várias destas agendas citadas agora pouco. Evidentemente não encontrei a de origem eletrônica pois a mesma teve um trágico fim ao "saltar" de meu bolso indo de encontro ao vaso sanitário de minha inesquecível faculdade em um dos tantos momentos de necessidades fisiológicas realizadas religiosamente todas as noites antes de adentrar a sala apelidada de Maracanã. Seu fim foi trágico pois perdi não somente dados de aulas consideradas de extrema importância como também horários e endereços de ônibus de uma cidade até então desconhecida pra mim que logo mais tarde faria parte da minha história de vida como um dos mais belos lugares que vistitava cotidianamente durante cinco anos ao contar com minha especialização. Mas o que me interessa aqui, seria o fato da surpresa ao encontrar aquelas agendas manuais com capas duras de cor verde escuro, vermelho e preto. Algumas de capa preta na verdade pareciam marrons ou acinzentadas pelo mofo e a falta de ar naquelas gavetas claustrofóbicas. Naquele momento, me senti como se estivesse encontrado um tesouro, pois as mesmas traziam conteúdos não só formais como também emocionais. Comecei a folear uma por uma e depois repeti a mesma ação porém, nesse momento sem qualquer intenção sobre minha vida, na ordem crescente dos anos.É aí que pude observar uma questão que me chamou por demais a atenção. Nestas agendas existiam um conteúdo de felicidade que era totalmente descrito em altos e baixos e outro detalhe importante seria o fato destas polaridades,se é que posso dizer assim, serem observadas por mim nos anos que terminavam em número par, ou seja, existia mais amor e mais felicidade nas agendas dotadas do ano par. Eu sempre era mais feliz e estável,por diversos aspectos, nestes períodos. Não há nada racional para tamanha banalidade porém a questão vem a se repetir neste ano de 2009, onde comentei um dia atrás,passo a vê - lo como algo totalmente inesperado e agressivo. Nesse exato momento, o do "achamento", minha vontade foi a de jogar fora todas ímpares e ficar somente com as pares.Na verdade soa como algo extremamente estúpido, mas gostaria que meus períodos de 365 dias fossem realizados de par em par.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Visitas

As visitas podem lhe levar quatro frutas, quatro litros de suco, um quilo de biscoitos, cigarros, produtos de higiene e um livro desde que em português.

Buracos que tornam a se abrir

Noite estranha às 21h53m e o tempo é também sinônimo de estranha tristeza. Ninguém aqui por perto nessa caixa quadrada e negra com cores distintas ao abrir outras páginas como passatempo em busca de uma conversa com alguém. O tempo vai passando e a expectativa vai diminuindo como o andar das horas que se arrastam para o quase fim das entediantes 24 horas de uma segunda - feira sem grandes novidades. Tudo é monótono que anseio mesmo pelo fim deste dia com esperanças de que o próximo será melhor, meio clichê, mas creio que nada melhor do que um dia após o outro para irmos em busca de sermos felizes. As boas noticías têm sido como os dias ensolarados: cada vez mais raros dando lugar a este tempo chuvoso, estúpido e melancólico. Tudo um tédio sem fim. Hoje pensei tanto em minha "nada mole vida" que uma voz bem lá no fundo do meu peito parecia querer extrapolar boca afora e gritar: "como será daqui pra frente?" "Algo irá mudar?" "O que o destino me reserva?" Perguntas tolas que me apavoraram por um bom tempo fazendo com que eu permanecesse toda a manhã deitado em um quarto escuro com um ar comprimido pela falta de ventilação ali presente.Ficava olhando na TV as caras e bocas de uma mulher loira que só falava de receitas altamente calóricas e depois começava a ler mensagens de auto ajuda para os fracassados. Não. Não achei que tais mensagens fossem para mim. Porém achava uma estupidez de minha parte ter que compactuar com tamanha tolice. Não queria fazer parte daquele dramalhão mexicano, não naquele instante. Me ergui da cama, desliguei a caixa cor de prata, mas não me levantei. Fiquei ali, sentado sobre a cama toda desarrumada, cabelo amassado dos dois lados dando a impressão de um falso corte moicano e um mal hálito matinal que já me acostumei. Começo a fitar o chão como se ele fosse me responder algo, em busca de algum movimento mas não obtive resposta alguma a não ser uma característica que nunca havia observado: os desenhos do carpete ao qual estavam meus pés e que meus olhos passavam a fixar durante alguns minutos eram uma mistura de algo psicodélico nada mais além disso.De tudo uma certeza: Meu chão estava se abrindo cada vez mais não dando mostras de alguma luz mas ainda estava literalmente sob meus pés.