quarta-feira, 23 de julho de 2008

PLIN PLIN


Devido às regras impostas pelas frações de classe dominante no Brasil, o negro, ao tentar ingressar no meio educacional, é na maioria das vezes extirpado do mesmo pelo fato do governo não o fornecer devidamente uma boa estrutura que permita terminar seus estudos.

O fato desta questão se dá através de um preconceito asqueroso que assola o país desde a vinda dos negros para esta terra. A abolição de 1888 foi extremamente mal pensada não dando aos negros sequer algum direito gerando maiores chagas do sofrimento suprimindo uma escravidão contemporânea vista por alguns como algo normal.

E esta mesma “normalidade” faz com que as pessoas alimentem seus preconceitos acostumando com a rotatividade do andar da carruagem. Por não poder contar com uma boa estrutura econômica em sua família, o pai negro acaba tendo que submeter seus próprios filhos ao trabalho fazendo com que os mesmos cresçam sem escolaridade alguma para que garantam o leite do dia seguinte vivendo cada dia de suas vidas sem pensar em um futuro promissor, mas sim pensando em como poderão sobreviver dia após dia na voraz selva de pedras. E isso torna – se pior quando uma pessoa na mesma situação se desespera e é guiado por um meio mais fácil de ganhar dinheiro tornando – se quem sabe um “soldado do morro”.

Na tentativa de sanar tal problema a Fundação Roberto Marinho insiste numa alfabetização da sociedade pobre através de aulas televisivas como o Telecurso 2000. A questão é: como propor uma barbaridade destas se o horário em que as aulas são apresentadas o trabalhador já está fora de casa trabalhando durante horas.

O mais sensato, a princípio, seria mostrar estas aulas televisivas no horário em que são exibidas as espúrias novelas que só mostram os negros chicotados pelas costas abafando todo o conhecimento necessário de sua cultura aumentando o preconceito ordinário onde se coloca o negro sempre como a serviço das pessoas brancas.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Noites de par em par

Sempre gostei desse tempo frio, do vento cortando entre lábios e orelhas, tempo de ficar assoprando o vento que entra pela boca como se fosse uma rajada de nicotina misturada a alcatrão que entra pelo peito de forma gélida e sai quente misturando - se ao ar frio que me corta corpo inteiro. Pernas trêmulas, dentes a "tiritar" como dizia a saudosa Dona Judith são um complemento essencial para esta sensação anual. Entretanto, ontem parecia de uma forma insuportável! Desejava constantemente minha cama, meu travesseiro, meus cobertores, minha almofada azul, queria que esta sensação que me acompanha desde criança fosse embora logo.
Ao encontrar a vellha amiga noturna de quatro pernas, dei um só pulo tampando todo meu corpo, inclusive a cabeça. Tremia feito louco! E isto me fazia cada vez mais sentir a sensação de que o frio não era o culpado de tudo. Não havia entrada de ar, não havia sequer uma "correntezinha" que me fizesse tremer. Sentia era uma saudade enorme, "esquisita" como você mesma me disse outro dia. Vontade de estar perto, de conversar, abraçar... e os dias não passam, as noites são cada vez mais e mais longas e frias deixando a saudade cada vez mais intensa. Vou ficando aqui no meu quarto, em toda parte da casa, mais ancioso, inquieto. Arrumo e desarrumo tudo, umas três vezes já fiz isso e nada está pronto. Me emociono muito ao saber que este dia estará prestes a chegar e não sentirei mais frio como esta semana.