segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O risco dos fatos históricos através da mídia


Podemos observar que fatos históricos vêm sendo constantemente lembrados de uma maneira um tanto quanto midiática, ou seja, ao longo dos anos os estudos sobre os fatos históricos explorados pela mídia vêm, cada vez mais, ganhando um caráter memorial.
Tal caráter, através de extensos documentários, na maioria das vezes, colocam a história de uma maneira limitada como se todos os seus acontecimentos fossem pertencentes somente ao século XX.
Um exemplo seria o Holocausto que é colocado sempre como o maior genocídio de toda história. Tudo isto se deve a mídia que tem uma enorme referência pelos "aniversários de fatos históricos do século XX", principalmente quando os mesmos são constituídos por duas, quatro, cinco decádas.
O culto da lembrança em determinado momento chega a ser tão excessivo que são organizadas pela mídia várias comemorações lembrando os 40 anos da ditadura militar no Brasil, os 60 anos do fim da perseguição nazista aos judeus entre outros. Não que tal atitude seja desnecessária para termos uma certa noção de acontecimento dos fatos. Porém a mídia não deveria expô - los de cinco em cinco ou dez em dez anos e sim de uma maneira mais satisfatória. Entretanto, o mal de tudo isso seria o de que com a explosão de "aniversários" os que são desprovidos de conhecimento prévio acabam deslocados do mundo perdendo toda a percepção não assimilando os fatos com as devidas décadas, os devidos locais.
O que é mais espantoso de se observar nesse advento compulsório da utilização da memória é nada mais do que o próprio esquecimento. A mídia reforça tanto os fatos mais recentes, que outros de maior importância acabam tornando - se mais uma página virada na história ou seria do jornal?
Reforçando sobre o esquecimento, no ano de 2004 o jornal Estado de Minas publicou em um de seus cadernos voltados para público jovem intitulado de "D+", uma matéria que se encaixa perfeitamente nesta questão. Foram feitas em várias escolas da grande BH um levantamento com alunos da rede de ensino médio (tanto particular quanto pública) simples questionamentos sobre conhecimentos gerais como por exemplo: "Você sabe quem foi Luís Carlos Prestes?" Ou "conhece Yasser Arafat?" O resultado foi alarmante. Houveram respostas absurdas onde uma das mais infelizes, segundo os repórteres, foi quando perguntaram um aluno de 3º ano do ensimo médio quem foi Ernesto Geisel e o aluno respondeu que foi um dos políticos mais importantes do governo Lula.
Não devemos culpar o desconhecimento destes alunos, mas sim o ritmo frenético do sistema por vivermos dançando no embalo da informatização, nos tornando escravos de toda tecnologia imposta por uma mídia globalizada que só "informa" o que for mais conveniente destruindo toda noção de tempo e espaço.
Sendo assim, a mídia pode ser vista de certa forma como uma espécie de polvo gigante que estica seus tentáculos cada vez mais mundo afora apropriando - se dos fatos onde se exaltam poucos e se esquecem de muitos.

P.S.: na cerimônia de comemoração do holocausto, foram erguidas centenas de milhares de lápides em homenagem aos judeus da Alemanha. Porém, a mídia deu mais importância as pedras erguidas do que informar que as mesmas foram erguidas custeadas pela IBM. A principal empresa que na época de ascenção do governo totalitário ajudou Hitler no cadastramento das casas de judeus. Não foi também informado pela mesma que com o capital investido nas lápides, daria para amenizar a situação do desemprego de boa parte dos alemães que moram em cidades que antes da queda do muro de Berlin pertenciam ao Bloco Oriental.

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