quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Quando a cigarra cantou clareou


A televisão dentre outros meios de comunicação de massa, ficaram um tanto quanto atordoados em se tratando da inexata previsão do tempo desta semana. Desde semana passada, segundo meterologistas, estávamos iniciando a estação das flores. Aquele frio da manhã, com o costumeiro aspecto acinzentado, começara a dar lugar a um sol ameno que a cada hora do dia ganhava mais intensidade. Entretanto não foi bem assim. A segunda - feira mostrou toda a sua força solar fazendo com que todos literalmente pedissem água. Gargantas secas, corpos suados, pequenas roupas,congestionamento frenético em sorveterias, eram os detalhes que mais se notavam pelas ruas. Isso é a primavera?Tá a cara do verão! (pensei). Foi só tomar mais um gole de água, passar a língua úmida nos meus lábios, fechar a minha boca e esperar durante algumas horas que minha "surpresa" seria maior ainda.

No dia seguinte, ao pensar que seria uma continuação do outro, me deparei com uma espécie de "retorno do inverno". Como seria possível? Ontem um calor na terra do "quinto dos infernos" e hoje um frio que soprava em meus ouvidos colocando meu corpo todo gélido como um cubo de gelo. As roupas que eram pra ficar guardadas até a próxima estação voltaram a tona para que pudesse me proteger dos ventos cortantes e as pessoas que ansiavam por água, prefiririam bem mais um bom prato de sopa. Senti na pele, além do frio cortante, a ação que nós bestializados homens primatas estamos causando a natureza.

A pobre coitada já não consegue nem mais orientar seu fluxo correto dos períodos das estações. Se em um dia foi verão e no outro um "retorno do inverno" ai de mim esperar o que seria no dia próximo. Eis que surge o próximo dia. Ao acordar um pouco tonto, olho pela janela do meu quarto e o que vejo é um dia novamente acinzentado. Pronto! Agora será uma dobradinha entre ambos: um dia de verão outro dia de inverno. Mas ela, a principal de todas não vem, já está com um certo atraso e isso não é bom. Passado alguns instantes e não é que o tímido sol começa a surgir acompanhado de um vento leve onde as flores das árvores começavam a balançar, as cigarras não paravam de cantar, parecendo dar a ela as boas vindas neste tempo tão confuso. Passei a admirar aquela paisagem tão bucólica onde respirava um ar tão fresco que enchia meus pulmões e meu coração de satisfação ao saber que ela estava ali pronta para ficar conosco mais uma vez.Mas...até quando?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

É preciso eliminar nossos ditadores


Cada ser humano quando pronuncia as primeiras palavras e adquire os seus desejos, expõe com total clareza a presença, dentro de si, de um ditador que se empenha, que faz das "tripas coração", ao tentar impor aos demais sua própria vontade, gerando o atendimento imediato de seus caprichos, ou seja, que todos lhe façam gosto, as honrarias da casa,em suma que todos lhe obedeçam.Tal atitude é na verdade a soberba de amor próprio, a incensatez que adverte que todo proceder correto, nobre e amplo haverá de inspirar simpatia e confiança, enquanto a postura caprichosa, autoritária e intransigente conspirará contra a própria personalidade. Seria o absolutismo do instinto, a negação da sensatez, o reverso da compaixão onde são esboçados os defeitos mais comuns de nós seres humanos.Acaba por se formar um ser egocêntrico, tendo como causa constante de sua dificuldade de colocar - se bem onde quer que atue. Este pretende para si o que nega aos demais. Esquece a lei de correspondência ao próximo. Por isso cada um de nós haverá de primeiramente identificar, combater, eliminar o ditador pretencioso que se disfarça, qual camaleão nas profundezas de nossas faculdades mentais.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O risco dos fatos históricos através da mídia


Podemos observar que fatos históricos vêm sendo constantemente lembrados de uma maneira um tanto quanto midiática, ou seja, ao longo dos anos os estudos sobre os fatos históricos explorados pela mídia vêm, cada vez mais, ganhando um caráter memorial.
Tal caráter, através de extensos documentários, na maioria das vezes, colocam a história de uma maneira limitada como se todos os seus acontecimentos fossem pertencentes somente ao século XX.
Um exemplo seria o Holocausto que é colocado sempre como o maior genocídio de toda história. Tudo isto se deve a mídia que tem uma enorme referência pelos "aniversários de fatos históricos do século XX", principalmente quando os mesmos são constituídos por duas, quatro, cinco decádas.
O culto da lembrança em determinado momento chega a ser tão excessivo que são organizadas pela mídia várias comemorações lembrando os 40 anos da ditadura militar no Brasil, os 60 anos do fim da perseguição nazista aos judeus entre outros. Não que tal atitude seja desnecessária para termos uma certa noção de acontecimento dos fatos. Porém a mídia não deveria expô - los de cinco em cinco ou dez em dez anos e sim de uma maneira mais satisfatória. Entretanto, o mal de tudo isso seria o de que com a explosão de "aniversários" os que são desprovidos de conhecimento prévio acabam deslocados do mundo perdendo toda a percepção não assimilando os fatos com as devidas décadas, os devidos locais.
O que é mais espantoso de se observar nesse advento compulsório da utilização da memória é nada mais do que o próprio esquecimento. A mídia reforça tanto os fatos mais recentes, que outros de maior importância acabam tornando - se mais uma página virada na história ou seria do jornal?
Reforçando sobre o esquecimento, no ano de 2004 o jornal Estado de Minas publicou em um de seus cadernos voltados para público jovem intitulado de "D+", uma matéria que se encaixa perfeitamente nesta questão. Foram feitas em várias escolas da grande BH um levantamento com alunos da rede de ensino médio (tanto particular quanto pública) simples questionamentos sobre conhecimentos gerais como por exemplo: "Você sabe quem foi Luís Carlos Prestes?" Ou "conhece Yasser Arafat?" O resultado foi alarmante. Houveram respostas absurdas onde uma das mais infelizes, segundo os repórteres, foi quando perguntaram um aluno de 3º ano do ensimo médio quem foi Ernesto Geisel e o aluno respondeu que foi um dos políticos mais importantes do governo Lula.
Não devemos culpar o desconhecimento destes alunos, mas sim o ritmo frenético do sistema por vivermos dançando no embalo da informatização, nos tornando escravos de toda tecnologia imposta por uma mídia globalizada que só "informa" o que for mais conveniente destruindo toda noção de tempo e espaço.
Sendo assim, a mídia pode ser vista de certa forma como uma espécie de polvo gigante que estica seus tentáculos cada vez mais mundo afora apropriando - se dos fatos onde se exaltam poucos e se esquecem de muitos.

P.S.: na cerimônia de comemoração do holocausto, foram erguidas centenas de milhares de lápides em homenagem aos judeus da Alemanha. Porém, a mídia deu mais importância as pedras erguidas do que informar que as mesmas foram erguidas custeadas pela IBM. A principal empresa que na época de ascenção do governo totalitário ajudou Hitler no cadastramento das casas de judeus. Não foi também informado pela mesma que com o capital investido nas lápides, daria para amenizar a situação do desemprego de boa parte dos alemães que moram em cidades que antes da queda do muro de Berlin pertenciam ao Bloco Oriental.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Escarlate


Nos últimos dias não sei porque, a cor vermelha tem seriamente me chamado a atenção. Ela realmente é muito atrativa! O vermelho do esmalte na unha mesmo que lascado, o vermelho daquela blusa, o vermelho dos lábios carnudos, o vermelho das palavras intensas, o vermelho do morango ao ser colhido e levado a boca, o rubro abaixo da cintura. Realmente a cor vermelha sempre traz...excitação.Ai vermelho...me cort por ti!"o lençol manchado de sangue exala rubro perfume de amor e dor o sonho rubro do barão vermelho tinge de sangue as asas da imaginação astros vermelhos num céu vermelho refletem-se vermelhos no mar vermelho o ninho escarlate do pássaro de fogo ruboriza as faces encarnadas dos amantes lá fora as folhas rubras caem na tarde outonal aqui dentro na madeira vermelha do pau-brasil gemem as cordasdo violino..."Roberto Cursino de Moura

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Nostalgia


Quando eu era criança não pensava como os outros meninos da minha idade que adoravam futebol e faziam do mesmo o seu maior sonho de consumo. Pra falar a verdade, eu nem sei o que pensava da minha própria vida, ou seja, os rumos aos quais ela seria levada. Entretanto, imaginava que tudo iria ser fácil demais.
Pensava que quando eu "fosse grande", não iria ser rico. Mas teria uma mulher, quatro filhos, onde os meus brinquedos de infância ficariam estáticos, aguardando o seu desenvolvimento para que eles pudessem atingir a idade de brincar.
Os anos passam e num determinado momento, a vida não lhe dá mais um tapa na cara para que acorde mais sim um forte soco na boca do estômago com a intenção de que você acorde para as verdades do mundo capitalista.
É aí que observamos os moldes com que vamos sendo tocados, nos tornando mais frios só pensando em "crescer na vida", "subir na vida" e essa repetição mecanizada acaba jogando por terra pequenas coisas simples da vida como um bom dia ou um olá que ganhamos pela manhã.
Infelizmente é lastimável que a maior parte da sociedade, na intenção de emergir - se economicamente tenha chegado a tal ponto desprezando a bondade intrínseca do ser humano.