domingo, 7 de março de 2010

Quando existem pedras em nossos caminhos muitas vezes tomamos uma atitude insensata tentando não passar por ali, recuar, desviar de tal empencilho que nos impede de caminhar para chegar ao ponto desejado. Fazemos tudo de forma errada. O certo é, na maior parte das vezes, pisarmos com toda força nesta pedra para que a mesma se esfarele e que seu pó possa se esvair com o vento abrindo nossos caminhos não nos impedindo de seguir em frente aliviando todo peso das costas por não ter tentado.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma forma de juntar algo

Certo dia escrevei aqui sobre algumas mudanças no tempo. Algo a ver com essa tal modernidade a qual o dia passou a ser ínfimo diante das vinte e quatro horas. Às vezes nos deparamos com certo remake, um vai e volta de algo que se usava a tempos e agora voltou, porém, com uma nova roupagem. Vivemos numa espécie de saudosismo ao dizer: “no meu tempo era assim, no nosso tempo era assado.” Mas na realidade algumas coisas se eternizam, nunca serão substituídas. Outro dia, não em um tempo muito distante, anunciaram que o livro, esse que fora inventado a anos desde as primeiras escritas rupestres nas paredes, passando por papiros, chegando a escrita de penas, em um amontoado de folhas nobres com sua fonte perfeitamente alinhada com um toque final uma capa dura de luxo, estava com seus dias contados. O seu novo substituto? Ninguém menos que essa máquina a qual teclo de forma frenética. Disseram que o computador além de narrar o livro desejado, encontraria qualquer obra em segundos e o usuário poderia desfrutar da mesma acompanhando toda historia pela tela. Mas o bom e velho amigo de cabeceira continua firme e forte até hoje. Suas vendas nunca cessaram, pelo contrário, na sede voraz de conhecimento, elas aumentam mais e mais. Vendo isso, hoje eu comecei a refletir e tomei uma decisão que para muitos não é grande mas para seria uma forma de eternizar, tornar viva coisas que eu possa tocar manusear. Não, não, não! Não irei escrever um livro até porque me vejo limitado a tal realização. Eu simplesmente tive uma ideia, algo que me colocasse em contato com o passado vivendo no presente. Pensei em pegar várias folhas de papel vergê, mais ou menos cem. Tudo da mesma tonalidade e pedir que as encadernem em uma capa dura cor vermelha ficando idênticas as clássicas obras de Victor Hugo, Cervantes entre outros tantos. Nestas folhas começarei a registrar quase que cotidianamente fatos que forem de certo modo interessantes. Algo que possa acontecer comigo e a todos que me cercam. Momentos de alegria, tristeza, vitória, derrota. Soa muito parecido como um diário, mas na verdade não o classificaria como tal e sim algo mais inocente, algo sem tão compromisso e mistério. Nada de muitos segredos, apesar de haver coisas implícitas. Essa minha vontade já era antiga, afinal de contas eu rascunho todos meus escritos em papel e normalmente em qualquer papel que na maioria das vezes se perdem. Agora eles estarão reunidos, juntos onde boa parte dos mesmos estará jogada aqui.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Momentos

Eu bebia Coca-Cola Junior de garrafinha com canudinho na padaria.Eu pulava de "pogoboll".Brinquei de esconde-esconde e adorava jogar "queimada".No cinema, chupava "Mentex".Lia gibis da Turma da Mônica.Eu tinha fita K7 dos Beatles.E uma estante para guardar a coleção de discos de vinil.Eu guardava os textos em classificadores. Ainda escrevo à mão.Eu tenho os negativos das fotos.Andava de escada rolante achando que ia para outra galáxia.Esperava pro ano seguinte o Cd que hoje foi lançado nos EUA.Minha mãe anotava receitas culinárias pela TV, e minha avó de 85 anos nunca viu as mocinhas da novela tão nuas em "ensaio sensual".
Eu não tenho trinta anos.Já sou um rapaz "antiguinho".Eu não me importo. Eu sou tirado de "filme de época". Eu sou da Geração Coca-Cola.Hoje tem a Geração Google.Na "minha época", Cd que não vinha com encarte, tinha eu que tirar a letra de ouvido. Com o Dicionário Oxford ao lado.Gravuras bonitas, de revista "bacana", era recortar e guardar na gaveta cuidando para não amassar.Número de alguém? Guia telefônico. Roupa da moda?Esperar chegar à cidade. Falar mal dos outros, (quer dizer), "conversar"? Na casa da melhor amiga, tomando café. Gabarito do Vestibular? Atento ao rádio. Pesquisas? Comprava do vendedor de porta em porta a Enciclopédia "Barsa”. Falar com amigo rico que foi pro outro lado do mundo? Um curto cartão postal com "beijos, saudades".
Não precisa sair de casa pra namorar meu rapaz: chat de bate-papo.Por cidade, idade, afinidade.Saber onde mora aquele alguém? O Google te mostra num mapa. "Wickipédia" para saber quem foram os grandes homens/nomes. Compra on line para a roupa do desfile que viu na televisão ao vivo. 'Download" para "roubar" música ainda inédita.Amigo em Londres? "Webcam".Fofoca?Site "o Fuxico". Ou a simples pergunta:"o que anda aprontando Britney Spears?"Tomar chá das cinco e falar pelos cotovelos? "MSN". Carta? O que é isso? "Email"! Tá..., agora a melhor: Faculdade? Diploma pela internet. Coitado de Drummond de Andrade.Escreveu, certa vez, no poema, "Tristeza do Céu": "Porque fiz o mundo? /Deus se pergunta /e se responde /Não sei".Se o poeta, hoje, digitasse na barra em branco do Google perguntas desse tipo, mesmo que não muito definidas, encontraria todas as respostas.Quem sabe,... algumas..., até mesmo assinadas por "Deus"?

terça-feira, 2 de março de 2010

Acontecia sempre nas manhãs de Domingo. Meu pai, juntamente com minha mãe, nos levava a missa bem cedo, acho quer era uma das primeiras não me recordo bem do horário, mas a sonolência era evidente. Passávamos quase uma hora na igreja e logo depois íamos em direção a casa dos meus avós que já não fazem mais parte desse mundo. Era um trajeto bem curto. Logo ao sair da igreja, seguíamos em direção a até então pequenina Escola Estadual Engenheiro Oscar Weinscheink, que hoje já se encontra nas mãos do município, e logo abaixo chegávamos ao nosso destino. Meu pai sempre levando alguns apetrechos pois todo Domingo era dia de desfazer a barba de meu avó e meu pai era o único que exercia tal feito sem irritar sua pele.
Na cozinha sempre havia café passado na hora em cima de um fogão a lenha com um tom avermelhado, leite e broa de milho que minha avó fazia como ninguém. Ficávamos algum tempo fazendo nosso desjejum enquanto meu pai conversava sobre com meu avô. Eram sempre conversas das mais diversas e sempre a política da cidade estava na pauta e meu avô sempre concordando com as ideias de meu pai, afinal, quem comandava a navalha em sua jugular não era ele e sim meu pai. Logo após este feito meu avô sempre perguntava ao meu pai quanto era e meu pai imediatamente dizia: “não é nada seu Lindorico, domingo estamos aí de novo.” Em seguida meu pai chamava a todos e quando estávamos nos despedindo, meu avô chamava um a um em seu quarto e retirava de seu velho guarda roupas quatro maçãs bem rubras de tanto esfregá-las em seu paletó nos dando a benção. Era mais um rotineiro domingo cumprido que já não pode ser exercido. Ficou apenas na memória