sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Desenvolvimento de felicidade em expansão acumulada
Toca o despertador ao som da música rise up. Acordo, meio tonto, parecido com as noitadas de álcool que costumo ter com os amigos do peito, que por sinal estão cada vez mais longe, não consigo entender nada. Minha mãe me faz umas perguntas mas sua voz parece estar em câmera lenta. Só depois de alguns segundos me recobro e sei o que devo fazer nesse dia. Faço aquele repasse, analiso minha mídia, tomo meu banho, desembaraço meu black , que está gigantesco como nunca, pego todas minhas coisa e grito bem alto como o multi homem no desenho do impossíveis: “e lá vamos nós!” subo o morro e já estou no local marcado. Cheguei em cima da hora. Já estive lá este ano e nunca tinha reparado como é tão azul. Azul piscina, azul marinho, azul claro, enfim, tudo azul. Fico mais em paz quando encontro novamente com os 36 que me olharão, novamente de cima abaixo. Tremo um pouco como sempre mas logo logo após três copos d’água, dos quais nunca tomo por sede, volto ao meu estado de concentração. Começo a falar e penso que o tempo mínimo exigido vai ser muito pra mim. Sinto que tudo vai acabar tão rápido e quando dou por mim acabo por ultrapassa – lo indo além do acontecido na última vez. Foi ótimo ser aplaudido com maior intensidade e ganhar um sorriso da pessoa que pode te colocar ali. No final foi mais que perfeito. A proposta está, a meu ver, chegando e será totalmente bem aceita no que depender de mim. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh eu arrebentei hoje!!!! Puta que pariu!
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Coisas da minha vida
Meus sábados são, na maioria das vezes, cheios de alegria onde passo as noites sempre ao lado de pessoas que tenho enorme apreço. Entretanto, o último foi uma inversão de valores, algo que meu peito já deveria ter se preparado desde meados da semana na intenção de superar o impacto. Me senti como uma criatura fulminada pela dor da ausência onde tenta arquejar o último sopro. Minha respiração exalava angústia sibilando com meus lábios. Pensei o resto da tarde em algo que me retirasse de tamanho torpor, mas o esforço teria que ser bem maior do que levantar barras de aço ou pesados alteres duas vezes ao dia me arrancando desta insanidade que me invade. No meu rosto, desenhou – se o pavor que aos poucos vinha sendo apoderado com a infeliz idéia de abandono e chego a imaginar que o amor não é nada mais do que um capricho, uma doce preferência, um suave devaneio. Esse amor que supunha uma ilusão de poeta ou um sonho da minha imaginação já se encontra na sua mais perfeita realidade esplêndida: a infeliz idéia de que uma luz de felicidade irradiante tenha sido apagada por um gélido sopro. Mas Cela Passera!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Geração tipo assim

A festa é um tanto quanto semelhante às festas de crianças, porém sem a presença das mesmas. Os convidados são na maioria das vezes pessoas jovens que se misturam a uma decoração totalmente psicodélica em meio às luzes e flashes fazendo com que o mais rápido movimento dos braços torne – se, aos nossos olhos, uma falsa lentidão. Os horários são os mais noturnos possíveis, onde ao mais forte escurecer da negra noite, as velinhas se acendem de um modo exacerbado e os parabéns a você é celebrado com a ausência das palmas e umas batidas musicais repetitivas que penetram nos tímpanos deixando todos em estado elétrico. Os palhaços são totalmente estilizados e rodopiam todo espaço físico da festa dotados dos mais diversificados mala bares encantando todos convidados que se distraem com a grandiosidade da atração circense.Bolo e guaraná não fazem parte do vasto cardápio, entretanto existem muitos doces pra você onde após um alto consumo de balas, aumentando de forma considerável o nível de serotonina, resultando em uma felicidade momentânea, todos sentem uma sede excessiva e passam a fazer o uso de água como se a mesma fosse a mais nobre bebida ali encontrada.
A música segue noite afora e percebe – se todos tragados na constante amálgama de doces, balas e água sempre com o corpo num movimento frenético, quase involuntário, dançando de um modo totalmente mecanizado fazendo jus à nova face de uma juventude totalmente alienada. São pessoas sem qualquer teor de percepção política, sem certo motivo para tal rebeldia, sem algum poder de contestação com o mundo.
Neste constante andar da carruagem a imagem juvenil de jovens hippies do fim da década de 1960, constantemente relembrada como meio de ilustrar o perfil da contestação, vem aos poucos sendo apagada por esta nova geração antipensante. Jovens com ideais de liberdade, política e democracia afim de pacificar o sanguinolento mundo cravado nessa infeliz selva de pedras, vêm sendo substituídos por outros personagens sem quaisquer ideais, cheios de um vazio intelectual que assombra, causa náusea.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Por quê que a gente é assim?
Olá estranho! Hoje fui tipicamente “American Way of Life.” Fiz compras, carreguei sacolas de plástico, apreciei mais e mais roupas. Sabe aquela lojinha de computadores que sempre falo a você? Então, por menor que seja seu espaço sempre tem coisas muito modernas e bonitas por lá. Gostei muito de um computadorzinho que vi numa prateleira de tábua branca com odor de verniz que entrava nas minhas narinas me deixando meio tonto. Você deveria vê – lo! Era menor do que os didáticos que carrego na minha mochila feita de lona. Foi uma pena que não pude comprá – lo. Mas aquela impressora que estava ansioso sai com sua caixa nas minhas duas enormes mãos levando em cima da mesma uma Web Cam bem pequena, mas de uma nitidez incrível. Os pesos hoje ficaram um tanto quanto mais pesados. Acho que deve ser as aulas de pilates que ando fazendo. Lá você se sente nas nuvens! Nunca pensei em me esticar tanto e nunca pensei que pudesse realmente exercer tal tarefa desse nível. No mais que você durma bem e não deixe a tevê de plasma ligada. “American Way of Life.”
Comportamento pueril
Hoje nos ajudamos de forma totalmente solidária. Eram quatro mãos e duas cabeças que em questão de instantes, montaram toda aquela parafernália periférica do mesquinho e descartável século XXI. Ele, primeiramente olhou com estranheza o monte de papéis escritos em várias línguas como inglês, francês, japonês, alemão e italiano fazendo jus ao imperialismo atuante do G8. Eu ficava observando imagens e indo para cima daquela máquina esquisita não acertando encaixe algum. Foi aí que resolvemos nos juntar e tudo saiu de forma clara.
O que me deixou mais admirado foi o fato de tal momento nos remeter a um passado não muito distante, mas que estava quase apagado da minha memória. Nossos potes de peças Lego! Nossos pais sempre chegavam com aquele brinquedo dizendo a mesma frase: “monta a cidade Lego pra mim?” E me lembro perfeitamente que sozinhos nunca conseguíamos nada do que eles pretendiam ver como era exposto no rótulo da embalagem plástica. Se não nos juntássemos, aquilo seria um fracasso total com peças espalhadas sobre aquele frio chão de ardósia em tom verde escuro que manchava nossos joelhos e pernas deixando – nos com uma aparência de extraterrestres ou coisa que nos valha.
Agora depois de realizada essa nossa atual montagem em conjunto, depois de tanto tempo, estamos aqui às 11h40m em mais um momento nostálgico, assistindo chaves e chapolin apostando quem consegue acertar as falas dos personagens de tão repetitivo que são os episódios gargalhando sempre em tom maior com as burrices do pobre garoto ZN.
Outro ponto alto foi a parte do suco que você acabou se lembrando da cor vermelha. Quando tomávamos uma marca denominada de “Ki Suco”, sempre sabor morango, íamos para a rua, logo após o almoço, dizendo para todos que nossas línguas estavam saindo sangue. E só de pensar que tudo isso era “culpa” sua. Era tudo idéia sua.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
PLIN PLIN

Devido às regras impostas pelas frações de classe dominante no Brasil, o negro, ao tentar ingressar no meio educacional, é na maioria das vezes extirpado do mesmo pelo fato do governo não o fornecer devidamente uma boa estrutura que permita terminar seus estudos.
O fato desta questão se dá através de um preconceito asqueroso que assola o país desde a vinda dos negros para esta terra. A abolição de 1888 foi extremamente mal pensada não dando aos negros sequer algum direito gerando maiores chagas do sofrimento suprimindo uma escravidão contemporânea vista por alguns como algo normal.
E esta mesma “normalidade” faz com que as pessoas alimentem seus preconceitos acostumando com a rotatividade do andar da carruagem. Por não poder contar com uma boa estrutura econômica em sua família, o pai negro acaba tendo que submeter seus próprios filhos ao trabalho fazendo com que os mesmos cresçam sem escolaridade alguma para que garantam o leite do dia seguinte vivendo cada dia de suas vidas sem pensar em um futuro promissor, mas sim pensando em como poderão sobreviver dia após dia na voraz selva de pedras. E isso torna – se pior quando uma pessoa na mesma situação se desespera e é guiado por um meio mais fácil de ganhar dinheiro tornando – se quem sabe um “soldado do morro”.
Na tentativa de sanar tal problema a Fundação Roberto Marinho insiste numa alfabetização da sociedade pobre através de aulas televisivas como o Telecurso
O mais sensato, a princípio, seria mostrar estas aulas televisivas no horário em que são exibidas as espúrias novelas que só mostram os negros chicotados pelas costas abafando todo o conhecimento necessário de sua cultura aumentando o preconceito ordinário onde se coloca o negro sempre como a serviço das pessoas brancas.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Noites de par em par
Ao encontrar a vellha amiga noturna de quatro pernas, dei um só pulo tampando todo meu corpo, inclusive a cabeça. Tremia feito louco! E isto me fazia cada vez mais sentir a sensação de que o frio não era o culpado de tudo. Não havia entrada de ar, não havia sequer uma "correntezinha" que me fizesse tremer. Sentia era uma saudade enorme, "esquisita" como você mesma me disse outro dia. Vontade de estar perto, de conversar, abraçar... e os dias não passam, as noites são cada vez mais e mais longas e frias deixando a saudade cada vez mais intensa. Vou ficando aqui no meu quarto, em toda parte da casa, mais ancioso, inquieto. Arrumo e desarrumo tudo, umas três vezes já fiz isso e nada está pronto. Me emociono muito ao saber que este dia estará prestes a chegar e não sentirei mais frio como esta semana.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Lágrimas...são puras, simples e infelizes lágrimas
quarta-feira, 26 de março de 2008
Rostos juvenis
Os rostos não são dos mais agradáveis. Pessoas um tanto quanto arrogantes, preconceituosas são as mais encontradas. Por pior que sejam, sempre enxergo algo que ali dentro pode ser modificado para todo o sempre. Suas cabeças aos poucos vão se abrindo e dando lugar a pensamentos mais amplos, ou seja, a escuridão da ignorância abre - se ao intelecto juvenil onde a tendência será única exclusivamente aumentar. Me esforço todas as noites para dar o melhor de mim e no dia seguinte chego a conclusão: não está sendo fácil! E esta conclusão não poderia ser diferente. Sempre gostei dos desafios, da vontade de lutar.Nunca na vida quiz ser chamado de herói, mas sempre fiz questão de me empenhar para ter bom caráter e repassá - lo aos outros.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Medo de perder procurando
DOM QUIXOTE DE LA MANCHA pág. 32
O camaleão
Essa bola de neve que não se derrete, essa inconstância que me corrói, essa incerteza das coisas, tudo isso faz com eu pense diferente, que eu pense mais sobre as situações mas não vejo a chave para as perguntas perto do meu largo rosto. As pupilas devem estar cansadas. Precisam de algo que as faça ficarem mais e mais abertas para com as soluções da vida que passam em nossos narizes.
Minha inquietude é um vício
Abrir a janela todos os dias de um mesmo modo, guardar roupas de acordo com os tons, passar manteiga no pão em um só sentido...esse metodismo na realidade se torna uma rotina que nos leva ao mais profundo delírio. Passamos a partir daí a cultuar somente o que nos é imposto garganta abaixo, sem opção de escolha pelo feio que você acha lindo. As obrigações existem sim e disso teremos a mais perfeita consciência mas será que nem um dia nem por um momento não poderíamos nos questionar sobre o "por quê" de fazer daquele jeito? Quem disse que sou uma pessoa correta? Quem disse que tenho má índole? Tenho 12 cuecas pretas e só hoje me dei conta que elas andam em fazendo mal! Solução: ficarão expostas num varal até que o vento da mudança as levem pra bem longe dando lugar a novas cores, novos ares, sabores.
quinta-feira, 13 de março de 2008
libertad
Mais de um mês e alguns dias se passaram. Não, não, não! Ainda não constitui um feto, se bem que a quase um ano sinto um certa vontade que me deixa emocionado. Mas o que me refiro seria o fato de estar afastado do famoso tabaco. Tínhamos uma relação não muito ativa, porém, toda vez em que nos encontrávamos, ficamos juntos de maneira exacerbada. Eram longas as conversas com ele entre meus dedos e um copo de bebida para acompanhar. Parecia perfeito! Causava certo amadurecimento, uma vaidade estúpida imposta nos anos 20 pelo “american live”.
Sempre me senti seguro ao seu lado. Não pelo fato de que não poderia contrair alguma doença pulmonar, amarelamento da arcada dentária ou algo que me valha. Mas sim que se um dia fosse acontecer de nos separar, eu teria a quase certeza de seria de comum acordo. Pronto! Iríamos terminar e nossas vidas passariam a andar no mesmo rumo, na mesma calçada, só que em direções opostas.
A quarta – feira de cinzas foi o dia ideal. A partir dali, deveria estar decretado que não poderíamos mais nos ver. Minha boca jamais tocaria na sua, pois meu medo de vício era enorme. Passados alguns dias ocorre a súbita vontade de nos encontrarmos novamente e eu quase que sozinho procurei, mas naquele momento senti um enorme vazio, sentimento de pessoa impotente, sem força de vontade alguma. Pensei duas vezes antes de colocar tudo abaixo e a vontade de nos vermos longe foi mais forte.
Não me julgo forte neste intervalo de tempo, mas me sinto melhor e mais limpo. E esse amigo com milhares de substancias das mais diversas dependências já não faz mais o meu tipo de gosto.
P.S.: DESCULPA AI...FALTA DO QUE ESCREVER MISTURADA COM ACONTECIMENTOS DO MEU COTIDIANO QUE EU NÃO CONSEGUI EXPOR ADEQUADAMENTE, OU SEJA, DESENVOLVIMENTO EM EXPANSÃO TRANSTORNADA...
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
É mais uma crise?
As festas já não têm mais a mesma cara. São pessoas diferentes, com sorrisos e formas ausentes onde parecem sair à procura de algo, mas sempre estão distantes de alcança – lo por mais forte que seja sua determinação. Deparamos-nos com uma juventude (onde também fiz parte) sem perspectiva e sem idealizações políticas para suas próprias vidas que vêm crescendo a largos passos no decorrer dos dias.
Ontem todos buscavam idealizações como, por exemplo, a luta de estudantes contra um governo repressivo que via na liberdade de pensamentos uma ameaça para o país sem notar que a própria ameaça eram eles mesmos. Hoje, toda essa luta não serve sequer para que os jovens tenham a consciência de que alguém lutou por nós, ou seja, por um país mais digno e igualitário.
A falta de um desinteresse político por parte da maioria de jovens é enorme e isso faz deles sujeitos alienados que desistem facilmente de seus ideais, seus sonhos ao não comparecer a urna de votação, não exercer seu direito de cidadão, não fazer a sua própria contribuição. Tamanha desistência gera mais tarde a abstinência de exercer seus direitos civis impedindo – os de reclamar sobre problemas de seu bairro, de sua cidade entre outros.
Devemos ter a consciência plena de que o país não é governado somente pelos políticos, pois estes se encontram neste nível de poder porque nós os colocamos lá e sendo assim, se tivermos votado de forma limpa, honesta, não nos vendendo a preço de bananas, teremos todo direito de reclamar, pois se os mesmos foram eleitos devem trabalhar para um todo e não para si próprio beneficiando – se do dinheiro que de um povo tão sofrido como o nosso.
A propósito, em quem você votou para deputado estadual, federal, governador, senador e presidente na última eleição? Imagino a resposta sendo que você nem deve se lembrar qual seu objetivo naquela última festa fora os ácidos não é mesmo?
sábado, 19 de janeiro de 2008
Negro em horário nobre
Devido as regras impostas pelas frações de classe dominante no Brasil, o negro, ao tentar ingressar no meio educacional, é na maioria das vezes extirpado do mesmo pelo fato do governo não o fornecer devidamente uma boa estrutura que permita terminar seus estudos.
O fato desta questão se dá através de um preconceito asqueroso que assola o país desde a vinda dos negros para esta terra. A abolição de 1888 foi extremamente mal pensada não dando aos negros sequer algum direito gerando assim maiores as chagas do sofrimento suprimindo a uma escravidão contemporânea vista por alguns como algo normal.
E esta mesma “normalidade” faz com que as pessoas alimentem seus preconceitos acostumando com a rotatividade do andar da carruagem. Por não poder contar com uma boa estrutura econômica em sua família, o pai negro acaba tendo que submeter seus próprios filhos ao trabalho fazendo com que os mesmos cresçam sem escolaridade alguma para que garantam o leite do dia seguinte vivendo cada dia de suas vidas sem pensar em um futuro promissor, mas sim pensando em como poderão sobreviver dia após dia na voraz selva de pedras. E isso torna – se pior quando uma pessoa na mesma situação se desespera e é guiado por um meio mais fácil de ganhar dinheiro tornando – se quem sabe um soldado do morro.
Na tentativa de sanar tal problema a Fundação Roberto Marinho insiste numa alfabetização da sociedade pobre através de aulas televisivas como o Telecurso
O mais sensato, a principio, seria mostrar estas aulas televisivas no horário em que são exibidas as espúrias novelas que só mostram os negros chicotados pelas costas abafando todo o conhecimento necessário de sua cultura aumentando o preconceito ordinário onde se coloca o negro sempre como a serviço das pessoas brancas.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
O sol nasce pra alguns de maneira exacerbada
Uma chuva que cai em um dia extremamente quente. O corpo, como já é de costume, se rende ao cansaço provocado pela moléstia. A chuva passa e junto com o cansaço vem uma fase de suor que parecia não ter mais fim deixando – o
Os raios, que além de ultrapassarem àquela cortina densa, atingiam o corpo pálido causando um desconforto prolongado em decorrência da vermelhidão da pele. Era o tão aclamado verão que de certa maneira não o beneficiava em nada e sim o castigava por completo. “Como poderia ser tão ingrato assim” pensara ele que já havia tomado sua dose extra de sol nas costa durante algumas horas de árduo e sufocante serviço de manutenção elétrica e tudo o que mais ansiava eram algumas horas de descanso em sua casa e mesmo assim o sol não o concebera perseguindo – o por todos os cantos. Realmente naquele dia o sol não nascera pra todos, ou na pior das situações, nascera, mas se apegara a outros por demais.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Perturbação das minhas faculdades em um quarto escuro
Madrugada de terça – feira. Sinto meu corpo um tanto quanto quente. Tento dormir para acordar bem cedo no outro dia, mas a tentativa é
No dia seguinte, graças ao irritante som do despertador, consigo me erguer no horário estipulado, porém com dores múltiplas na garganta e no corpo. Mesmo com este incômodo, não poderia faltar ao meu compromisso matinal.
No trajeto, pareço me sentir um pouco melhor. Na fila de espera, passo a observar e conversar com várias pessoas que ali se encontram com a mesma finalidade. Ao chegar minha vez, faço todo o procedimento necessário permitindo que o meu braço esquerdo comece a fluir sangue.
Ao retornar a minha casa por volta das 10h00min sinto o mesmo mal estar de horas atrás, porém de maneira mais intensa fazendo com que meu corpo se entregasse àquela mesma cama ainda desarrumada do quarto escuro. Mosquitos com um zunido insuportável começam a sobrevoar minha cabeça e ouvidos atrapalhando todo meu descanso. A febre parece vir com mais força e já sobre efeitos de antitermicos, sem saber o que fazer, ligo a televisão. Ainda mesmo que tomado por certa sonolência passo a prestar muita atenção em um telejornal local onde uma notícia me chamou a atenção, aliás, me causou preocupação. Falava – se sobre um surto de febre amarela onde seu principal foco era justamente o estado de Minas Gerais. Foram dados os sintomas mais evidentes: língua, pele e mucosas amareladas, cansaço e dores no corpo. Levanto – me rapidamente em direção ao banheiro. Escarro uma enorme bola de catarro na pia, fito – me detalhadamente no espelho chegando a uma conclusão: dos cinco sintomas da doença, três estou totalmente ileso.
Voltando a cama do meu quarto, que já adquirira forma do meu corpo em seu colchão feito um molde de argila, tento descansar. Passados alguns minutos (nos quais não consigo dormir) começo a refletir, ou melhor, delirar. Começo a pensar que não devo estar totalmente ileso do surto de febre amarela. Para isso, coloco várias hipóteses sobre uma propensão de estar 75% com febre amarela, pois no quarto havia inúmeros mosquitos que além de não me deixarem dormir, com toda certeza me picaram várias vezes. Sendo assim para que se chegasse a 100% de contaminação (pele, língua e mucosas amareladas) era só uma questão de tempo. Dentre poucas horas iniciaria – se a metamorfose patológica.
Sem mais uma vez saber o que fazer, aguardo a amarelidão com sarcasmo, deitado em minha cama, passando o controle remoto da televisão por todos os canais abertos dos mais fúteis aos mais cultos (que são raríssimos) e ainda não amarelei. Mas cela passera (mas isso passa).
sábado, 5 de janeiro de 2008
Gavetas como terapia

Nos momentos mais difíceis, como os mais variados ataques virulentos de fúria, me ponho a fazer algo que cesse este efeito. Começo a procurar e rapidamente acabo encontrando algo a fazer.
Certo dia, ao escutar pelos cantos das paredes o meu nome de uma forma injusta, fui contaminado por destes ataques. A indignação era tanta que na minha cabeça rondavam coisas sombrias, ou seja, respostas que eu deveria gritar aos quatro cantos ofendendo assim qualquer pessoa que se dispusesse a escutar.
Para conter todo meu ódio que invadia meu corpo, comecei a vasculhar todo o meu quarto sem saber o que procurar, ou qual o motivo daquela “busca”. Parecia mais uma separação do que deveria ser jogado fora, o que presta e o que não presta o joio do trigo. Comecei fazendo isto numa rapidez incansável até chegar as criados mudos. Naquele momento, ao remexer em suas seis pequenas e fundas gavetas entrei em estado de inércia. Foi como cada gaveta tivesse se transformado em paginas de um sujo e velho diário. Novamente pequenos filmes chegavam a minha mente como sempre acontece, porém, num método leve e bem agradável.
Fotos antigas, cartas de pessoas já tão distantes, pedaços de cigarros, frases avulsas de várias obras literárias, ingressos de shows, textos de faculdade, foram algumas das tantas páginas encontradas sobre minha vida.
Após esta “vasculhada” a ira passou me deixando um pouco melhor. Meu único medo, aliás minha única incerteza seria o fato de outras tantas milhares de pessoas que em estado de fúria não tenham algo em que se apoiar agindo com extrema explosão tornando – se insensato com suas próprias palavras.
Na verdade, gavetas, a meu ver servem para que nos lembremos de tudo o que deixamos para trás ou de que uma vez tentamos esquecer, porém, quando menos esperamos, elas sempre estarão lá se abrindo para que você nunca se esqueça de seu passado onde o mesmo são como gotas de mercúrio: se segurá – las de forma brusca escorrerão sobre suas mãos esvaindo – se pelo chão. Se fizer o contrário, segurando – as com enorme delicadeza, sempre terá do que se lembrar.
Navalha

O que mais tem me causado surpresa ou para outros estranheza é a forma de como minhas lembranças chegam até minha mente como um flash. Posso estar tranquilamente fazendo algo, que me valha ou não e em instantes surge uma lembrança retratando algum momento parecido com o presente vivido.
Sentado em um pequena e simplória barbearia de minha cidade, comecei a me entediar com a demora existente gerando uma enorme inquietação. Foi quando ao me distrair por alguns poucos minutos, chegou a tão esperado hora de desfazer a minha barba. Ao reclinar meu corpo sobre aquela cadeira, fechei meus olhos e a partir dali lembrei de meu saudoso avô. Como se fosse um filme, minha mente retratou aquelas manhãs de sábado onde meu pai me levava a sua casa para aparar ou na maioria das vezes, desfaze – la por completo. Sua paciência era totalmente o inverso da minha. Aos primeiros efeitos da lâmina sobre o rosto de espuma branca e cheirosa começo a entrar em num estado de aflição onde meus pés passam a se debater como se a navalha estivesse cortando minha jugular. Já o saudoso Lindorico, sempre estava tranqüilo. Parecia que aquilo era uma satisfação: deixar que a barba crescer para depois ficar sentado durante alguns longos minutos com a lâmina deslizando em suas bochechas, sua garganta sem se quer reclamar de nada.
Tais lembranças me trouxeram a um época, onde eu poderia tentar me aproximar daquele homem alto coma a cara truncada de raros sorrisos mas que ainda me cativa mesmo estando longe já alguns anos.
“Aquele preto tão preto! Com aquela barba branca, tão preta! E aquele tão meigo de quem espera ganhar um sorriso incolor.”
